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100 Anos HMRT

A data 08 de julho é lembrada pela comunidade pomerodense com carinho, pois é o dia do nascimento de uma das figuras mais queridas pela cidade, em sua história: a saudosa Schwester Anita Guenther, que estaria completando 100 anos em 2020.

Por sua importância no desenvolvimento do Hospital e Maternidade Rio do Testo, a data foi adotada, também, como aniversário da instituição que, portanto, está completando 100 anos de existência neste mês de julho de 2020. 

O Hospital e Maternidade começou a se tornar uma realidade por iniciativa do casal Karl e Rosa Borck, já que a primeira edificação da maternidade foi erguida pela parteira e seu esposo. Com o passar dos tempos, a demanda por um hospital mais estruturado cresceu, e por iniciativa de um grupo de moradores, formado por Max Jacobsen, Augusto Guilherme Schwanke, Mário Jung, Lauro Harbs e outros membros da comunidade, foi fundada a Associação Hospitalar, e assim, a busca por recursos para dar início à construção do Hospital.

Com verba Estadual, foi adquirido o terreno e as instalações de Rosa Borck, que, posteriormente, foram reformadas. A Maternidade passou a ser denominada de Hospital Nossa Senhora da Glória. A construção do Hospital iniciou em 1949, porém, por falta de recursos, ficou paralisada por anos.

Em 1954, foram reiniciadas as obras e o Hospital já estava sendo construído e ampliado, foi quando, com a chegada do Pastor Edgar Liesenberg para a cidade, surgiu a proposta da Paróquia Evangélica assumir a instituição. A denominação para Hospital e Maternidade Rio do Testo veio em 08 de fevereiro de 1956, mas nem tudo foram conquistas neste tempo.

Equipe médica e funcionários tinham que driblar a falta de energia e água. Os obstáculos foram superados e a água potável foi adquirida em 1958, com a compra de uma área próxima onde havia uma mina d’água, que, mais tarde, foi desativada. Nesse período, o Hospital foi contemplado com uma doação da Alemanha, que possibilitou a compra de uma geladeira industrial. A construção do novo prédio, em 1957, ampliou os leitos de internações e, assim, a estrutura era melhorada com o passar dos anos.

No final da década de 50, com recursos doados por uma instituição alemã, o Hospital adquiriu um moderno aparelho de Raio-X, ambulância e um gerador de energia, que supriu as consequentes quedas de energia, fato corriqueiro naquela época.

Schwester Anita havia nascido em Pomerode, em 08 de julho, e retornou à sua terra natal em 30 de outubro de 1967, para atuar como diretora na instituição, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo no Hospital. Segundo a Irmã, em uma carta escrita em outubro de 1999, o retorno para Pomerode foi devido a um convite do Pastor Edgar Liesenberg, inicialmente.

“Estava na Fundação Evangélica há seis anos. Lá, um dia, recebi uma carta de Pomerode do Pastor Liesenberg. Ele pediu, insistindo, que fosse urgente a Pomerode, para assumir a direção do Hospital e Maternidade Rio do Testo. No Hospital, houve divergências entre a diretoria, Pastor e Irmãs, por causa disto, as duas Irmãs, Frieda Klaus e Ilse Krieck, tinham deixado o trabalho e o Hospital ficou sem Irmãs. Eu fiquei na dúvida. O que fazer? Tinha certeza que após este incidente, a Casa Matriz jamais mandaria outra vez Irmãs para este campo de trabalho.

Eu me senti chamada para ajudar o nosso Hospital na minha terra Natal. Pedi à direção da Casa Matriz para me liberar para ir a Pomerode e recebi a resposta ‘não’ e isso era definitivo. Pela primeira vez na minha vida, estava disposta a não obedecer às ordens da Casa Matriz. Mas a decisão não foi fácil. 

Um lado a minha Casa Mãe, que eu amava. E no outro, a minha querida Pomerode, que precisava de mim. Pedi a Deus para me dar um sinal de qual o caminho certo: Abandonar a Casa Mãe, tirar o meu hábito, que já era uma parte de mim. Ou deixar o meu Hospital e a minha Comunidade em Pomerode em mãos?
E Deus me deu a resposta. Um dia, a enfermeira Sélia Gruhle veio me visitar na Fundação perguntando se eu iria para Pomerode. Eu falei sobre os problemas pessoais nos quais me encontrava. Sélia disse: ‘Eu estou disposta a ir para Pomerode, mas só se você também for’.

Foi essa a resposta que Deus me deu. Foi uma decisão muito difícil, não observar as ordens do Pastor e Irmã na Casa Matriz, mas às vezes, encontramos situações na nossa vida, que vale mais obedecer a Deus do que os homens.

Porém, no último dia na Fundação, chegou o Pastor Pommer (que substituía o Pastor Raspe) e disse, que ele havia falado mais uma vez com a direção na Casa Matriz e eles deram a licença de ir a Pomerode, mas a condição era de antes substituir a Irmã Maria na Maternidade Elisabeth Köhler, que queria viajar para a Alemanha, por um ano.  

Como o Pastor Liesenberg já tinha, além da Irmã Sélia, também temporariamente a Sra. Hanni Leopold, de Corupá, isso se tornou possível. O tempo em Blumenau foi muito útil e mesmo necessário para mim. O administrador me ensinou como administrar um Hospital, pois disto não tinha a mínima noção. Por outro lado, aprendi muito como parteira e o trabalho na Maternidade. ‘Como os caminhos de Deus são maravilhosos e perfeitos!’. Quando Ele nos dá uma tarefa, Ele nos dá também a capacidade de realizá-la. 30 de outubro de 1967. Finalmente em Pomerode”, contou a irmã, em sua carta.

O Centro Cirúrgico, antes improvisado, foi inaugurado em 1969 e novos equipamentos foram adquiridos. O pronto atendimento também recebeu melhorias. Em 1979, ganhou um jardim defronte ao Hospital, com a demolição do bar que havia no local. Na década de 80, era instalada a ala pediátrica e os consultórios médicos foram construídos, assim como, um novo acesso e o estacionamento.

“Aos poucos, chegaram mais clientes e, muito devagar, mas continuamente, se mostravam pequenos progressos. Sélia e eu, com nossos poucos funcionários, continuamos com perseverança na luta diária. Agora já conseguimos fazer reformas na casa. Mais tarde, foi feito o Centro Cirúrgico, depois a Pediatria e o prédio para o aparelho de Raio-X. Construímos, também, um salão comunitário no terreno ao lado. Além de ser administradora do Hospital, tinha que fazer muitas outras coisas. Agora podia enfrentar tudo que já tinha ‘ensaiado’antes nos campos de trabalho anteriores. Era presidente do nosso grupo de Oase, Orientadora Paroquial de mais três grupos, Conselheira da Fundação Cultural, Conselheira da diretoria da Comunidade Evangélica, Fundadora e Orientadora do Grupo Folclórico Pomerano e mais outras tarefas”, relatou Schwester Anita, na carta escrita sobre sua trajetória.

No ano de 1997, o Hospital recebeu de doação do empresário Wander Weege, um dos mais modernos equipamentos de videolaparoscopia. O empresário também doou, anos mais tarde, um potente gerador de energia. As construções, ao fundo do terreno, onde estão localizados o setor administrativo, sala de reunião, necrotério e capela, foram construídos, no ano de 2001 e, nove anos depois, foi adquirido novo mamógrafo e aparelho do Raio- X com recursos do bazar da receita federal. Atualmente, o aparelho é utilizado por mulheres de Pomerode e outras 12 cidades vizinhas.

Em 2009, o Hospital, passou por várias reformas na cozinha, lavanderia, que possui Estação de Tratamento de Esgoto e possibilita o reaproveitamento da água. Com o crescimento da estrutura física, assim como a modernização dos equipamentos, o Hospital e Maternidade Rio do Testo passou a atender, também, pacientes de toda a região.

Léa Hoge Hass, tabeliã, relembra que, na época da criação do Hospital, ajudava como escrivã, com seu chefe, Wadislau Constansky, escrivão de paz. Sua família também se envolveu na força-tarefa que possibilitou a concretização da ideia de ter um hospital próprio para Pomerode, já que os pais, Alfredo e Ida Hoge, contribuíram, de alguma forma.

“Meu pai participou do processo de construção. Ele tinha uma olaria e fornecia telhas e tijolos, além de emprestar o caminhão para o transporte dos materiais. Minha mãe, Ida, era costureira e fez as roupas de cama para serem usadas no hospital, bem no início”, comenta Léa.

Na época da criação do hospital, a tabeliã tinha cerca de 15 anos e já ajudava, escrevendo as atas, por exemplo, da festa que marcou a fundação do hospital. “Os primeiros sócios contribuíram cada um com a construção de um quarto para o hospital, e mesmo após a administração passar para a comunidade luterana, nossa família continuou sempre ajudando”, ressalta.

No tabelionato da família, ainda estão guardadas escrituras da época da compra do terreno, que estava no nome do genro de Rosa Borck, Bruno Fischer, em 1952.

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